terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O tempo das coisas...


Aquieta-me pensar que independente do que eu faça, o tempo vai se encarregar de colocar cada coisa em seu lugar. Não adianta gritar, chorar, espernear. Posso ter a ilusão, mas ele é inexorável. Não se prende, não se limita, não se restringe.Tudo o que compõe a estranheza e mistério que fazem a vida da gente ser interessante e, em alguns momentos, parecer enredo de novela ou filme. Com que pessoas dividir alegrias e tristezas? Para quem contar a promoção que acaba de ganhar? E aquele seu súbito interesse de mudar de vida, de cidade, de país? Com quem dividir?Se você achou resposta exata para cada uma dessas perguntas, tenho muito a lamentar. Se não há mistério, o que nos mobiliza, afinal? Viver deveria ser se jogar do precipício sem rede de segurança. Em uma entrevista com a psicóloga Rosely Sayão, ela disse que os pais hoje procuram vacina contra os desafios propostos pelos filhos. E que a paciência há muito deixou de ser uma virtude.Ter a paciência como virtude, acredito, é render-se à força do tempo. Admitir que o passado é mera referência para dar ligeira sustentação ao que há por vir. Absolutamente nada além disso. Hoje me pergunto o que lhe me dá segurança. E minha resposta é de uma obviedade lancinante: não encanar com algo que eu também não faria. Não é simples? Julgamos os outros a partir de nossas atitudes, de nossas vivências, de nossas projeções. Se sou capaz de matar, julgo que os demais podem fazer o mesmo. E aí inicia o ciclo interminável de possibilidades, principalmente de dúvidas e infelicidade.Se você já entendeu que é assim, por que o sofrimento? É sempre bom ter consciência dos seus próprios atos. O conhecimento nos liberta, tira as amarras e nos faz dominar o medo. Quem disse que não posso me jogar em todos os desafios que se apresentam?Qual é o pior que pode acontecer? Não dar certo, é verdade. Para saber, entretanto, urge o risco, a aposta, e, independente do resultado, lá na frente, tudo estará modificado. Um outro tempo, uma outra pessoa, um outro lugar. Certeza mesmo, nenhuma.
Mas precisamos mesmo de tantas certezas?

2 comentários:

Hericka Zogbi J Dias, Dra. Me. disse...

texto fantástico, e mais que isso, nào sei o que se passa, mas sei que nesse momento passo a mesma coisa... um mundo novo a minha porta, perdi as respostas e as receitas. que bom e que ruim...

disse...

Ruim nada minha amiga!Muito bom!O novo sempre foi e sempre será B.O.M e ponto final, basta administrá-lo com as coisas velhas que você optou para sua vida, essas sim, são as melhores, pois sobreviveram a tudo!Não é mesmo?