Aquieta-me pensar que independente do que eu faça, o tempo vai se encarregar de colocar cada coisa em seu lugar. Não adianta gritar, chorar, espernear. Posso ter a ilusão, mas ele é inexorável. Não se prende, não se limita, não se restringe.Tudo o que compõe a estranheza e mistério que fazem a vida da gente ser interessante e, em alguns momentos, parecer enredo de novela ou filme. Com que pessoas dividir alegrias e tristezas? Para quem contar a promoção que acaba de ganhar? E aquele seu súbito interesse de mudar de vida, de cidade, de país? Com quem dividir?Se você achou resposta exata para cada uma dessas perguntas, tenho muito a lamentar. Se não há mistério, o que nos mobiliza, afinal? Viver deveria ser se jogar do precipício sem rede de segurança. Em uma entrevista com a psicóloga Rosely Sayão, ela disse que os pais hoje procuram vacina contra os desafios propostos pelos filhos. E que a paciência há muito deixou de ser uma virtude.Ter a paciência como virtude, acredito, é render-se à força do tempo. Admitir que o passado é mera referência para dar ligeira sustentação ao que há por vir. Absolutamente nada além disso. Hoje me pergunto o que lhe me dá segurança. E minha resposta é de uma obviedade lancinante: não encanar com algo que eu também não faria. Não é simples? Julgamos os outros a partir de nossas atitudes, de nossas vivências, de nossas projeções. Se sou capaz de matar, julgo que os demais podem fazer o mesmo. E aí inicia o ciclo interminável de possibilidades, principalmente de dúvidas e infelicidade.Se você já entendeu que é assim, por que o sofrimento? É sempre bom ter consciência dos seus próprios atos. O conhecimento nos liberta, tira as amarras e nos faz dominar o medo. Quem disse que não posso me jogar em todos os desafios que se apresentam?Qual é o pior que pode acontecer? Não dar certo, é verdade. Para saber, entretanto, urge o risco, a aposta, e, independente do resultado, lá na frente, tudo estará modificado. Um outro tempo, uma outra pessoa, um outro lugar. Certeza mesmo, nenhuma.
Mas precisamos mesmo de tantas certezas?
Mas precisamos mesmo de tantas certezas?
2 comentários:
texto fantástico, e mais que isso, nào sei o que se passa, mas sei que nesse momento passo a mesma coisa... um mundo novo a minha porta, perdi as respostas e as receitas. que bom e que ruim...
Ruim nada minha amiga!Muito bom!O novo sempre foi e sempre será B.O.M e ponto final, basta administrá-lo com as coisas velhas que você optou para sua vida, essas sim, são as melhores, pois sobreviveram a tudo!Não é mesmo?
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